domingo, 15 de fevereiro de 2009

Finalmente

Finalmente ...é uma palavra que se anuncia breve,
cheia de esperança,
de uma delicada sinceridade
que brinca com os sentidos,que me liberta desta solidão opressiva
e que me convida a abrir as portas ao perfume da noite...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Fragmentos

Transformarei o teu corpo
na janela amarela e triste do meu quarto.

O brilho entreaberto das estrelas
ilumina o livro dos versos entristecidos
e o ciúme é um gume guardado 
no meu coração.

Que estes doces versos
te acompanhem
e a solidão matinal  
se cumpra solenemente.   




segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Noite

De noite vem o desejo iluminado,
a doce canção ondulada,
o livro coberto de pó,
as nuvens vermelhas do amor....

De noite tudo se atormenta na duplicidade,
todas as bocas estão unidas,
caladas,
por vezes vorazes,
todas as mãos envolvem os seios,
todas as estrelas são crianças a sorrir.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Indeterminação.

Talvez a memória seja generosa
e o teu rosto se torne leve,
indefinido como as ondas,
leves crinas azuladas...

Talvez o velho provérbio
sobre o amor ou sobre a verdade
se renove em palavras que não concebo
e a dor se converta em pequenas lágrimas...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Felicidade.

É a tua alma uma concha perfeita?

É a tua boca um peixe flamejante?



Responde-me....

Diz-me algo....qualquer coisa!



Por favor,

fala e rompe o silêncio da batalha humana.



Não há nobreza na calçada

e o teu rosto sombrio

jaz, completamente entorpecido, no reflexo das janelas.



Olho o horizonte cinzento da cidade.



Neste preciso momento,

os teus olhos aconchegam a pergunta:

- É a tua boca uma concha perfeita?

- És feliz e justo?



Preparei cuidadosamente a resposta

porque todas as perguntas nascem da dúvida

e eu,

duvidar não quero.



Amo a casualidade dos dias,

a brevidade do amanhecer,

a permanência de ser.



Caminho sem plano consentido,

o mar é azul e as ruas estreitas.



A minha alma está aqui,

perto da finitude das sílabas.



O meu corpo desespera na tua boca.

Regresso à urbanidade.

Regresso todas as noites

à inútil e paciente condição de poeta.



Regresso à extraordinária e incondicional

ternura que me abre o coração ardente.



Regresso a esta esquina

onde todos os desencontros são felizes.



Regresso a mim,

tal a força da dor.

Introdução à urbanidade.

Uma norma "culta" ou "padronizada" pode representar uma orientação nos nossos desertos interiores.A cidade pode constituir um deserto. Neste deserto vivo e navego. A urbanidade é o meu refúgio.