É a tua alma uma concha perfeita?
É a tua boca um peixe flamejante?
Responde-me....
Diz-me algo....qualquer coisa!
Por favor,
fala e rompe o silêncio da batalha humana.
Não há nobreza na calçada
e o teu rosto sombrio
jaz, completamente entorpecido, no reflexo das janelas.
Olho o horizonte cinzento da cidade.
Neste preciso momento,
os teus olhos aconchegam a pergunta:
- É a tua boca uma concha perfeita?
- És feliz e justo?
Preparei cuidadosamente a resposta
porque todas as perguntas nascem da dúvida
e eu,
duvidar não quero.
Amo a casualidade dos dias,
a brevidade do amanhecer,
a permanência de ser.
Caminho sem plano consentido,
o mar é azul e as ruas estreitas.
A minha alma está aqui,
perto da finitude das sílabas.
O meu corpo desespera na tua boca.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Regresso à urbanidade.
Regresso todas as noites
à inútil e paciente condição de poeta.
Regresso à extraordinária e incondicional
ternura que me abre o coração ardente.
Regresso a esta esquina
onde todos os desencontros são felizes.
Regresso a mim,
tal a força da dor.
à inútil e paciente condição de poeta.
Regresso à extraordinária e incondicional
ternura que me abre o coração ardente.
Regresso a esta esquina
onde todos os desencontros são felizes.
Regresso a mim,
tal a força da dor.
Introdução à urbanidade.
Uma norma "culta" ou "padronizada" pode representar uma orientação nos nossos desertos interiores.A cidade pode constituir um deserto. Neste deserto vivo e navego. A urbanidade é o meu refúgio.
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